segunda-feira, 13 de setembro de 2010

ME ESCONDENDO-ME A MIM MESMA

Calma, gente! Não bati a cabeça e nem decidi assassinar o português depois de véia, não. É só uma constatação.

Sábado fui à uma festa de aniversário de 15 anos de minha sobrinha. Tudo ótimo!!! Eu estava super empolgada, lugar ótimo, comes e bebes de primeira. "Causo" é que após o jantar pra família, viria a festa a fantasia. Ok, ok. Ah, pessoas, eu tinha que participar disso, né? A-D-O-O-O-O-O-O-R-O!!! A questão que eu só pensei na manhã do jantar: COM QUE ROUPA EU VOU?! Gordo é fogo, né? Mais de um mês pra pensar nisso e no dia D percebi que eu faria feio na festa. Primeiro porque eu não tinha uma roupa decente pra ir ao jantar, segundo porque, com que raios de fantasia eu poderia ir, imensa que nem uma pipa? Resolvi ir de Nega Maluca. Comprei o pancake marrom, a perucona black power, mas... ia pra festa peladona??? Hein, hein, hein, minhas 4 leitoras??? Catei lá no "lixão" que é meu guarda-roupas e resolvi ir com uma bata indiana "cheguei no úrtimo".

À tarde achei melhor não ir ao jantar, porque passar por ridículo duas vezes ninguém merece. Maridjonço ligou pra Cu (de cunhada, gente) e disse que nãõ iríamos por estarmos os 2 sem roupa pra ocasião. Ela acabou nos convencendo a ir, até por que só teria família lá.

Santa Irmã Torta me deu em fevereiro um vestido pretinho básico com um brochão de strass que veio bem a calhar. Fui com o dito, um sapato que não parava no meu pé (sim, porque meu maldito pé engordou comigo e perdi todos os meus lindo, altos e amados 75 pares de sapatos!). Eu ia andando e o trem saindo do pé. Foi milagre eu não ter me esborrachado no meio de todo mundo.

Jantar maravilhoso, tudo perfeito. Chegou a hora da fantasia... Eu acho que todo gordo é igual quando se fala em roupas para determinadas ocasiões. A gente lembra de uma que tem lá no fundo do armário pra ocasiões que a gente torce que nunca cheguem. Aí fica imaginando a roupa, como a roupa vai ficar e acha que vai dar tudo certo. Problema é que na hora que se olha no espelho 2 minutos antes de sair de casa percebe que idealizou uma coisa impossível. Ou a coisa fica apertada demais mostrando toda aquela banha que a gente vai passar o resto da noite tentando esconder, seja atrás da mesa, atrás do marido, atrás do filho no colo, ou fica larga demais dando a impressão que somos 50 quilos maiores do que já estamos. Ah, fala sério! Nunca aconteceu isso com nenhum de vocês? Pois comigo acontece o tempo todo, aí só vou ver a mancada nas malditas fotos. Aliás, são elas que estragam a festa. Sempre!

Enfim, fomos a casa de Cu pra nos trocar e o que parecia ridículo na minha mente virou um pesadelo real. Eu, redooooooooondamente preta, com a maior peruca black power que encontrei e naquela túnica horrorosa que usei vááááááááááááááárias vezes achando que tava totalmente "IN". Meu consolo é que se por acaso desse um blecaute em Joinville, ninguém na festa se perderia. O pink da roupa é tão berrante e com aquela estampa dourada, verde, marrom, azul, todas as cores, seria impossível alguém se perder. Era só dizer: "SIGAM A LUZ!!!! SIGAM A LUZ!!!!" Tentei fugir de todas as máquinas fotográficas num raio de 50 km, mas foi difícil, viu, gente? Quando entrei na festa foi como se tivessem estourado uma bomba no meio do salão. Minha vontade era a de correr dia e noite sem parar até ficar branca de novo e desaparecer.

Tentei deletar tudo da minha cabeça, mas é difícil... Sonho com o dia que isso vai acabar. E pensando nisso sem parar desde sábado, eis que entrei num site de gordinhas. Todas, eu disse T-O-D-A-S, sem exceção se escondem atrás de alguém ou de alguma coisa nas fotos. E quando não dá pra se esconder atrás de nada, dão um jeito de arrumar uma almofada, um casaco 5 vezes maior...

É triste. Deprimi, vocês nem sabem o quanto. Não quero mais isso pra mim. Ninguém deveria ter que passar por essas coisas, gente. E passamos, não é por nos, nem por nossa condição de obesas, mas por uma imposição cretina de alguém que decidiu que legal é ser magricela, de perna fina e bunda de gaveta. Compramos sem nem olhar essa ditadura imbecil que nos obriga a achar que quem está fora dos padrões somos nós e não aquela magrela que de 1,70m que pesa 35 quilos. É ridículo!!! É ridículo e ainda assim temos que aceitar porque de outra maneira tá errado. Olha, não vou nem questionar o fator SAÚDE, mas vamos combinar que nem todo gordo é doente, hipertenso, diabético, cheios dessas coisas que conhecemos bem. E nem todo mundo aceita ter essa imposição enfiada goela abaixo. Mas de qualquer maneira, deprimi. Fiquei pensando em quantas festas legais eu deixei de ir por estar de mal com o espelho; quantas vezes me submeti a ser humilhada e destratada por pessoas que se diziam minhas amigase que na verdade só o que queriam era se sentirem menos piores por serem burras, ignorantes e se valerem somente do corpo magro. Perdi as contas de quantas vezes deixei que me pusessem pra baixo. E de quantas vezes disse que "nunca mais".

Me desculpem o post gigante, mas vocês são os "ouvidos" e os "ombros" que preciso agora, não poderia deixar esse epsódio medonho da minha vida passar em branco. Logo isso serão só más lembranças. Meu marido acha que eu tô me agarrando na cirurgia como um náufrago a um pedaço de qualquer coisa que bóie. Não é assim. Ninguém além de mim sabe o que se passa. Talvés algumas pessoas que passaram e passam pelas mesma situações. Esta cirurgia não é minha tábua de salvação e sei bem que não vai resolver todos os meus problemas. Eu não estou indo pro centro cirúrgico com essa mentalidade, ou seria melhor que eu não fosse. Não sou irresponsável. Isso não sou! Mas tenho sonhos e espero um dia não ter mais que passar por essas coisas. 

Nem eu e nem ninguém! 

2 comentários:

Simone disse...

Amiga, sei exatamente o que vc sente, passei por todas as coisas que vc relatou, me vi nas mesmas situações que vc.
Minhas roupas me escolhiam, e não eu a elas, pq eu precisava encontrar o que coubesse em mim e depois, se fosse possível, escolher uma cor que me agradasse (geralmente preto, pra parecer menor).
Outro dia fui a uma loja e achei uma calça nº44 que eu tinha certeza que entraria em mim, mas eu simplesmente não tive coragem de provar, fiquei com medo de vestir e não entrar, apesar de estar mais magra, o fantasma da obesidade ainda me persegue...
Quanto às fotos, fiz um post sobre isso esta semana, não tenho fotos boas pra comparar o antes e depois da cirurgia, pois estava sempre me escondendo atrás de alguém ou de alguma coisa...
Mas isso está mudando pra mim e logo, logo mudará pra vc tb...
Bjs e fique com Deus.

Quenia Lyslie disse...

O florzinha, fica assim nao, sabe porque, porque sao essas coisas que nos dao forças pra prosseguir no objetivo de fazer nossa gastroplastia e ter a oportunidade de mudar a nossa historia... Isso ja aconteceu comigo varias vezes, e me senti horrivel, porem mais forte e com mais certeza de que o caminho que escolhi é o melhor pra mim mesmo!!!... bjussss e parabens, vc vai ver, vai chegar rapidinho seu dia!!!